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Sobre ciscos e traves de madeira

Há um famoso quadro pendurado em muitas repartições corporativas dos Estados Unidos com a seguinte frase “O segredo do sucesso é saber a quem culpar por seus erros”. Na verdade o quadro é bem irônico; parte de uma coleção com várias outras imagens e frases satíricas sobre carreira e trabalho. Entretanto, eu gostaria de estimular você a pensar sobre quanta realidade existe nessa frase, e de que maneira, do ponto de vista de um cristão, podemos compreendê-la.
Isso de transferência de culpa é um assunto que raramente é abordado entre os cristãos; afinal de contas isso é papo de psicólogo, e psicologia não tem nada a ver com cristianismo, certo? – Errado!!! – Por isso vamos ler um trecho da bíblia em Mateus capítulo 5:
“Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? - Como é que você pode dizer ao seu irmão: "Me deixe tirar esse cisco do seu olho", quando você está com uma trave no seu próprio olho? - Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão.”

Quase todo mundo que lê esse texto tende a se focar no fator hipocrisia; mas eu quero convidar você a analisar esse trecho da bíblia por um novo ângulo: o psicanalítico! Pois eu tenho uma forte inclinação a pensar que os cristãos que transferem suas culpas ou julgam indiscriminadamente os outros, não o fazem por “maldade”, senão por uma condição psicológica, e conversando com líderes mais experientes eu pude confirmar duas linhas de pensamento bastante contundentes. Vamos a elas:

1 – Moralismo em excesso é umas das principais máscaras para esconder a depravação
É muito comum notar entre os crentes, aqueles que vêm imoralidade em tudo, e num espetáculo de hipocrisia desmedida atacam os costumes, as culturas, as maneiras e as diferenças das outras pessoas. Contudo, mais do que uma crise de santidade, de um modo geral, esses moralistas têm sempre em oculto algum tipo de depravação, que esperam mascarar atacando a tudo que denota imoralidade... E é de onde surge a segunda linha de pensamento:

2 – Transferir a culpa a outras pessoas alivia a nossa própria
Aqui cabem exemplos clássicos de crentes que antes de consultar seus irmãos em particular, como sugere a Palavra de Deus, tornam públicos o erro do outro, difamando-o e transferindo para este o peso de sua culpa, mágoa o peso que o consome.

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Na realidade neste ponto o cristianismo e a psicologia convergem para uma mesma afirmativa: a de que devemos reconhecer o nosso pecado, mágoa ou culpa para que possamos nos ver livre desta condição. A Palavra de Deus é maravilhosa ao dizer que se nós confessarmos o a nossa culpa Deus é fiel e justo em nos perdoar a ponto de lançar nossos erros num mar de esquecimento. É também a Bíblia que diz que enquanto nós escondemos a nossa culpa vivemos com peso a ponto de nos consumirmos por dentro.

Quando vivemos o perdão e experimentamos da alegria de se libertar de toda a nossa culpa aprendemos como nos livrar também da trave de madeira que nos impede de enxergar a nós mesmos; é também quando notamos que o cisco no olho do outro é tão curável quanto. A ponto de chamarmos nossos irmãos em particular para lembrá-los de que em Cristo, podemos ser restaurados e libertos de toda a culpa!